07/11/2014

O começo

Um belo dia, nada belo, você se sente estranha - ou mais estranha do que o normal. Meses depois, começa a se sentir diferente, meio "desconectada" do mundo, como se você não fosse você. Discute por bobagens até com desconhecidos, vira uma rabugenta. Não consegue se concentrar, não consegue assistir um filme até o fim, não consegue ler um livro, não consegue aprender mais nada. Chora por qualquer coisa. Pensa que está ficando louca, chega a cogitar que já seja o tão temido alemão chamado Alzheimer batendo à sua porta. Teme estar com alguma doença horrível, incurável, começa a ter sintomas de todas as doenças do mundo, todas as mesmo tempo, mas você não sabe qual tem - então conclui que só pode ter TODAS AS DOENÇAS JUNTAS, AIMEUDEUS!

E as fichas começam a cair. A menstruação atrasa (ou adianta), o fluxo fica mais forte (ou mais fraco), as cólicas aparecem (ou reaparecem). Adolescência de novo? Não, né, então só pode ser... só pode ser... AHHHHHHH só pode ser aquela coisa horrorosa que começa com M e é conhecida como um sinônimo de fim da vida para as mulheres!

Uma pesquisa na Internet não esclarece muita coisa. Os textos são todos muito vagos, todos genéricos. Repetem clichês, falam muito sobre as famosas ondas de calor, mas ignoram todos os outros efeitos. Quase todos os sites sobre o assunto querem vender algum remédio, algum suplemento, algum tratamento, algum livro, alguma cura milagrosa.

Mas menopausa não é doença. Se fosse, minha mãe não estaria viva até hoje. Minhas avós não teriam vivido mais de 30 anos após passarem pela menopausa. Não existiriam mulheres vivas com mais de 60 anos se menopausa fosse doença mortal.

Sobreviverei, então. Sobreviveremos, todas. Embora às vezes pareça que vamos sucumbir.

Decidi fazer este blog porque percebi que a única coisa que realmente me faz sentir melhor é ler depoimentos de mulheres que estão passando pela mesma fase. Isso me acalma, me faz sentir que não estou só, que não estamos sós. Então pretendo compartilhar os meus tormentos, os tormentos de outras, discutir sobre o assunto, tentar rir dele e procurar respostas.

Somos muitas nesse mesmo barco (aparentemente, bastante furado), mas sobreviveremos. Tenho certeza absoluta de que não merecíamos isso, mas faz parte da vida. É apenas mais um ciclo a ser completado. Mulheres são fortes. E se "o que não nos mata, nos fortalece", sairemos dessa ainda mais fortes.

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