21/11/2014

Ainda na "fase de aceitação"

De ótimo humor, achando tudo lindo. Não tomei nenhum remédio, é bom deixar claro. Apenas tenho me sentido muito bem, como se "tudo já tivesse voltado ao normal" e eu não precisasse mais me preocupar com essa coisa horrível que começa com M.

Antes de tudo isso começar (alguns anos atrás) eu achava que "menopausa" era quando a menstruação não vinha mais. Não vinha mais, daí a mulher começava a se estressar e ficar chatona, graças à falta de menstruação. E depois de um tempo passava e pronto. Ela voltava ao normal.

Pode parecer, depois do parágrafo anterior, que sou uma burrona desinformada que não sabe de nada, né? Acontece que sou uma pessoa que lê desde os 5 anos de idade, que já assistiu mais filmes do que umas 50 pessoas comuns somadas, que está na Internet há uns 20 anos, no mínimo, e que, em suma, nunca foi alienada nem desinformada. Mas era assim que eu achava que a menopausa era.

Então, se eu sou assim tão "ligada", "antenada", "informada", por que eu não sabia como era "a tal da menopausa" na realidade?

Porque é um assunto tabu. Porque ninguém fala sobre o assunto de maneira sincera. Apenas fazem piadinhas ruins ("ai, o calor, alá a mulher na menopausa se abanando") ou depreciam a mulher de alguma maneira ("tá velha, não serve pra mais nada"). Falar mesmo, discutir mesmo, ninguém. NIN-GUÉM.

O outro motivo - que me ocorre agora - é que para mim sempre foi uma coisa distante, tãooooo distante, algo que eu achava que só aconteceria comigo quando eu ESTIVESSE VELHA. Como não me sinto velha, não me vejo velha quando me olho no espelho (tá bom, só um pouquinho), jamais poderia ter associado os fatos e ter percebido que era apenas isso que acontecia comigo (e não alguma doença horrível, o fim do mundo ou uma hecatombe nuclear). E também, claro, porque é sinônimo de "fim da vida" e eu não queria aceitar que estava "no fim da vida".

Bom, aqui estou escrevendo e escrevendo para convencer a mim, a vocês e a todo mundo de que NÃO É O FIM. NÃO É DOENÇA. NÃO PERDEMOS O VALOR.

É apenas uma nova fase (ok, já tivemos fases melhores na vida, mas ainda assim, uma nova fase).

Vai passar.





19/11/2014

Aceita, mulher, aceita!

Estou de muito bom humor e otimista. Por que motivo, eu não sei. Deveria, de acordo com a tabela (24 dias pós-menstruação), estar com uma TPM horrorosa, odiando o mundo e querendo bater na primeira pessoa que me olhasse torto. No entanto, estou bem feliz.

Os hormônios nos transformam em bipolares. Talvez amanhã acorde profundamente deprimida. Vai saber.

No momento, estou decidida a abraçar a menopausa com carinho. Vem, menopausa, vem, sua linda! Estou convencida de que sobreviverei e, mais impressionante, estou convencida de que serei uma mulher ainda mais feliz do que era antes desse turbilhão de emoções/hormônios/loucuras/mazelas/encheções de saco começar.

Lutar contra ela me parece inútil. Adiá-la, para quê? Talvez seja possível, mas para quê?

Só quero que acabe logo isso e sairei por aí sem dar a mínima para nada, com uma autoconfiança maior do que jamais tive, feliz! Livre, livre livre livre, livre como uma passarinha.

O que nos leva a um questionamento:

Será que aceitar (ou não) o fato de estar na menopausa faz diferença? Bastaria, como estou fazendo agora, aceitá-la e tudo ficaria mais fácil? Mas os sintomas não são físicos? E as minhas dores musculares, e a pele ressecada, e a falta de memória, e a gordura gigante na barriga? São frutos da imaginação? Não, não são, né. Não tem nada de psicológico nessa língua queimando que sinto agora. Nem nos ossinhos dos dedos quase pulando pra fora, de tanta dor. Nem na insônia que me mantém acordada escrevendo sem parar.

Seja como for, estou na fase de "aceitação". Não é uma doença. Não é. Sei que passaram a vida inteira fazendo terrorismo, dizendo coisas horríveis sobre a menopausa, associando as mulheres nessa fase a bruxas, a chatonildas insuportáveis, a neuróticas de plantão, mas quer saber? Tem tanta gente chata por aí, qual a desculpa deles? É mais ou menos como aquela piada (ruim) do bêbado e a mulher feia:

"o bêbado chega pra mulher feia e diz:
bêbado - Nossa, como você é feia.
mulher - E você, que é bêbado?
bêbado - A minha bebedeira passa, mas você amanhã continuará feia."

É uma piada realmente muito ruim, desculpem. Mas ela serve a um propósito, porque podemos parafrasear a piada (ruim) assim:

"um cara chato chega para uma mulher na menopausa e diz:
cara chato - Nossa, como você é chata!
mulher - Estou na menopausa, e você, que é homem? Qual a sua desculpa?"

17/11/2014

Os (66) sintomas da menopausa - de 21 a 30

21. Dores musculares, dores nas juntas e nos tendões que às vezes podem se desenvolver em Síndrome do Túnel do Carpo ou despertar o questionamento de outras possíveis doenças.

(acho isso mais assustador do que esclarecedor, para ser bem sincera. Tenho tido dores HORRÍVEIS nas juntas, principalmente dos dedos das mãos e das solas dos pés. Achei que era "problema de junta", hahah, piada mais sem graça do universo, "junta tudo e joga fora", mas tudo bem, era "só" menopausa.)

22. Um aumento na tensão muscular fica evidente pelos ombros curvados enquanto trabalha ou fala sobre qualquer assunto desconfortável, causando dor na parte inferior das costas e pescoço rígido.

(ahn... marquei ponto nesta aqui também, mas não notei a relação assunto desconfortável/encurvamento das costas. É mais um cansaço imenso que me impede de ter a postura ereta e elegante de outrora - fui dramática agora, hein)

23. Queda ou afinamento dos cabelos/pelos de qualquer parte do corpo, inclusive cabeça, axilas e área pubiana.

(não, ainda estou cabeluda e peluda. Se os pelos das pernas caíssem até que seria bom.)

24. Aumento nos pelos faciais, principalmente no queixo ou na linha da mandíbula. Pode ser um crescimento dos pelos em geral ou um único pelo que aparece e cresce muito, até mesmo encaracolando.

(Isso é extremamente constrangedor, mas ao menos esse "crescimento dos pelos em geral" eu não tenho. É um ou outro que desponta no queixo ou no "bigode", mas, ao ler isso, lembrei que tenho um único "pelo muito louco" que apareceu no fim do lado esquerdo da bunda, acima da coxa, faz uns anos, já. Ele aparece e, depois de uns meses, eu o arranco. Ele continua a crescer, eu o arranco. Da primeira vez que o encontrei ele tinha uns 2 centímetros, já. No meio do nada, ali, sozinho, num lugar onde nunca antes na história deste corpo havia nascido um pelo.)

25. Crescimento incomum de pelos ao redor dos mamilos, entre os seios, na parte inferior das costas - em lugares onde antes seus pelos eram finos e ralos.

(não, obrigada. Só aquele pelo esquisito no fim da bunda, mesmo)

26. Acne, o que é muito constrangedor para a mulher que já viveu isso na adolescência e nunca pensou que ela iria reaparecer.

(sim. Uma espinhona bem grande, um dia antes da menstruação, todas as vezes. Uma ou outra nas costas, às vezes. Que martírio.)

27. Infertilidade, que causa tristeza na mulher que adiou a gravidez e que agora quer conceber e dar à luz a um bebê saudável e percebe que não é mais capaz de fazer isso.

(não é meu caso. Tenho uma filha e é suficiente. Claro que, mesmo não querendo ter mais filhos, é um tanto desagradável saber que não posso mais tê-los, mas isso é apenas uma convenção da sociedade, de que "mulher só serve para procriar", e, portanto, quando não podemos mais procriar, deixamos de ter valor. Besteira, hein? Já existem outros métodos de procriação, tem tanta criança por aí para ser adotada, mulheres não são mais apenas "parideiras". Somos seres humanos, apenas)

28. A perda de tecido mamário começa com a diminuição na produção de progesterona. As mulheres muitas vezes se sentem como se seus seios tivessem se tornado "sacos vazios", sem a "plenitude" habitual.

(diminuíram um pouco, sim. Mas estão longe de serem "sacos vazios". Só o que me faltava, hein.)

29. Seios doloridos/inchados/túrgidos/sensíveis ocorrem particularmente alguns dias ou uma semana antes do sangramento começar. A menstruação traz sensação de alívio completo da dor e do inchaço.

(tinha muito isso nos últimos anos, agora, não mais)

30. Mamilos doloridos ou sensíveis foram descritos como "uma dor intensa localizada somente nos mamilos" e sugere excesso de estrogênio.

(é, acontece às vezes)

13/11/2014

Os sintomas (66) da menopausa - de 1 a 20

O texto original saiu daqui: Perimenopause/menopause symptoms


Aos poucos vou postar o texto todo traduzido e comentar sobre como eles acontecem comigo (tenho quase todos, e mais alguns, e isso não tem graça nenhuma).



SESSENTA E SEIS SINTOMAS DA MENOPAUSA
 
Estas alterações e condições físicas são muito reais e podem alarmar a mulher, dando a impressão de que ela pode estar sofrendo de uma doença séria. Talvez você conheça os mais comuns relacionados na lista de sintomas da menopausa, mas muitos podem surpreender, já que não são normalmente associados a esta transformação fisiológica.
 
1. Mudança no ciclo menstrual: os ciclos podem se aproximar ou se espaçar, podem ser mais leves e mais curtos ou mais pesados, com duração maior do que a habitual. A menstruação pode demorar muito a começar, com pouco sangramento escuro no início por alguns dias até que realmente flua, ou você pode ficar menstruada a cada duas semanas.
 
(no meu caso: passei a menstruar a cada 21 dias, de uns 4 ou 5 anos para cá; às vezes acontece de ter um sanguinho escuro no começo e parece que o resto não vai sair nunca, exatamente como diz aí no texto.)
 
2. O fluxo menstrual pode vir de repente e fazer você achar que vai morrer de hemorragia. Ou pode haver um acúmulo gradual - justo quando você pensava que a menstruação estava para acabar, começa a jorrar por dias. O fluxo pesado na menopausa é comum quando há presença de fibromas uterinos.
 
(meu fluxo passou a ser pesadíssimo no segundo dia)
 
3. Dores de cabeça e enxaquecas - quando ocorrem antes, durante ou no final da menstruação debilitam a mulher e interferem radicalmente em sua funcionalidade.
 
(disso estou livre, tenho no máximo umas pequenas pontadas no alto da cabeça, e é raro acontecer)
 
4. Diminuição na coordenação motora - a mulher fica "desajeitada" e pode se sentir travada, nada graciosa - justo durante uma época bastante desagradável da vida dela.
 
(bati o carro de maneira ridícula, vivo esbarrando nas coisas, às vezes acho que estou andando de maneira pesada, desajeitada)
 
5. Letargia, um sentimento persistente de preguiça física e mental que parece impossibilitar a mulher de fazer qualquer coisa.
 
(há dias em que eu não quero sequer sair da cama e muitos dias em que eu não consigo fazer nada)
 
6. Exaustão física, fadiga abrupta que pode levá-la a sentir que vai ter um colapso se não parar o que estiver fazendo no momento.
 
(não passei por isso, mas fadiga abrupta acontece às vezes)
 
7. A exacerbação de doenças crônicas ou de condições pré-existentes transparece à medida que os hormônios diminuem ou se desequilibram do padrão normal.
 
(ahn... espero que não, credo)
 
8. Insônia - pode haver um padrão novo ou incomum de sono, como dificuldade para dormir, ou ainda, dormir somente por algumas horas e não conseguir voltar a dormir.
 
(quem nunca? Sempre tive dificuldade para dormir, mas ultimamente passei a acordar depois de poucas horas se sono e a ficar acordadíssima o resto da noite tendo pensamentos ruins - a popular "minhoca na cabeça")
 
 9. Distúrbios do sono: pesadelos, suores noturnos ou apenas uma vaga inquietação que a mantem acordada ou atrapalha seu precioso sono reparador.
 
(pesadelos, sim. Inquietação, muitas vezes.)
 
10. Suores noturnos frequentemente se iniciam entre os seios da mulher. No início, acontecem uma ou duas noites antes da menstruação, fazendo-a acordar; mais adiante, perturbam gravemente, até a saturação total do corpo, e são seguidos por calafrios com suor.
 
(Nunca reparei se eles começam entre os seios, vou tentar reparar. Tive poucos suores noturnos até hoje e eles são quase sempre bem fracos, nada que me fizesse entrar em pânico e querer morrer como vejo as mulheres comentarem por aí. Passo meses sem ter nenhum. Trocaria todos os outros sintomas por suores noturnos constantes.)

11. Interferência na lembrança dos sonhos: o senso de sono normal é interrompido, caso você esteja acostumada a ter lembranças vívidas ou memórias detalhadas dos sonhos.

(não fez muito sentido isso pra mim. Durante a vida inteira tive sonhos que lembrei e outros que não lembrei. Não relaciono isso a menopausa.)

12. Cãimbras musculares podem ocorrer em qualquer parte do corpo, das pernas à nuca. Às vezes refletem necessidade de cálcio, mas podem ser causadas por níveis baixos de progesterona.

(nossa, que alegria a minha ao encontrar essa lista! Tenho tido câimbras nas batatas das pernas e nos dedos dos pés e achava que estava doente! Ok, era "só" menopausa.)

13. Dor na parte inferior das costas que costuma piorar antes ou durante a menstruação. Se seus hormônios permanecerem em níveis baixos você poderá sentir essa dor com regularidade.

(já tive, não tenho mais)

14. Sintomas da vesícula biliar: dores, espasmos ou desconforto no quadrante superior direito do abdômen, logo abaixo das costelas - podem ser acompanhados de estufamento da barriga e de intolerância a certos alimentos, como reflexo do aumento de carga no fígado, devido ao declínio no nível hormonal.

(ah, umas dorezinhas do lado direito eu tenho, sim. Estufamento da barriga, então, é o que eu mais tenho na vida.)

15. Vontade frequente de urinar ou sensação de infecção urinária é um sintoma incômodo que não costuma ser aliviado pelo ato de urinar. A mulher sente vontade de urinar toda hora, mesmo logo após ter urinado.

(é, acontece comigo também. Obrigada, lista, por tirar da minha cabeça a ideia de que estou com infecção urinária. É "só" menopausa.)

16. Incontinência urinária, perda de urina espontânea e incontrolável ou súbita vontade de urinar - pode acontecer a qualquer momento, e não apenas ao tossir, espirrar, pular ou correr.

(já aconteceu um pouquinho, mas é raro)

17. Reações hipoglicêmicas acontecem quando o nível de açúcar no sangue entra em colapso e você simplesmente tem que comer naquela hora.

(tudo o que se relaciona a comida para mim é difícil comparar com o "momento menopáusico" que vivo agora, pois sempre tive fome, a vida inteira, e se não "comesse naquela hora" parecia que ia morrer.)

18. "Desejos", geralmente por salgados ou doces, mas que podem ser de comidas ácidas ou  de sabores "radicais".

(outro dia tive vontade de comer mortadela, que não comia há anos, e tenho tido desejos incontroláveis de comer frituras - outro hábito que tinha abandonado há muito tempo)

19. Maior apetite, principalmente à noite ou após o jantar - contribui para aquele tão indesejado aumento de peso.

(nossa, história da minha vida esse número 19 aí. Nem quando estava grávida eu tinha tanta fome - e olhem que eu quase comi o mundo inteiro naquela época.)

20. Olheiras - podem ser causadas também por exaustão adrenal ou por disfunções na tireóide, mas nem todo o sono do mundo parece ser capaz de eliminá-las.

(ah, olheiras? Nada que um corretivo não resolva. Parabéns a quem viveu a vida inteira pré-menopausa sem olheiras. Eu não, eu já as tinha antes.)

 

Retificando: são 66 sintomas da menopausa

Oi? Onde isso vai parar?

Mais tarde traduzirei o texto dos 66 sintomas. Só o que está faltando na lista de "sintomas" é unha encravada, piolho e conjuntivite. O resto é tudo menopausa. Oremos, irmãs.

09/11/2014

(d)efeitos especiais da menopausa

Porque nem tudo é tão ruim assim. Acho.

"olfato exacerbado". De repente, você, sem querer, se transforma em um cão perdigueiro e rastreia qualquer aroma. Mas será que isso é bom? Depende, se você sair para caminhar (mandaram caminhar, dizem que caminhar é bom para aliviar os sintomas da menopausa) num dia quente, perceberá os mais horrorosos "aromas". Bosta de cachorro, mijo humano, resto de churrasco de gato. Como um cachorro, você sentirá cheiros de coisas que nem estão mais ali. O lixeiro já passou, por exemplo, mas você ainda detecta com suas super-narinas o "perfume" do chorume.

Quem diria, hein? Confesso que fiquei abismada quando descobri que essa minha súbita capacidade de perceber aromas/cheiros/fedores era também culpa da menopausa. Passo perto do armário do meu quarto e sinto cheiro de poeira. Quer dizer, não é que o armário esteja ali há tanto tempo assim. É grande o suficiente para que seja impossível arrastá-lo e limpar atrás dele, mas eu não deveria ser capaz de sentir o cheiro da poeira. É um vão bastante estreito, quanto poeira cabe ali? E poeira tem cheiro? Tem. Pergunte a uma mulher na menopausa e ela dirá "poeira tem cheiro sim, e é ruim".

Pois é. Agora detecto cheiro de poeira. Obrigada, menopausa. O que mais você fará por mim?

08/11/2014

Dieta saudável e exercícios físicos

O que mais se diz por aí é isso: "dieta saudável e exercícios físicos".

Pensem bem, para quantos males você já viu isso ser recomendado? Para ansiedade, para depressão, para os que se recuperam de problemas cardíacos, para quem tem diabetes, para quem tem micose de unha, verruga na orelha, excesso ou falta de peso, dores na coluna, qualquer coisa! Para tudo se recomenda "dieta saudável e exercícios físicos". Nunca vi alguém recomendar dieta ruim e sedentarismo. Nunca.

Ok, não estou dizendo que não se deva manter uma dieta saudável e praticar exercícios físicos. O que estou dizendo é que há mulheres que tiveram dieta saudável a vida inteira e que sempre praticaram exercícios físicos e que, mesmo assim, sofrem com os tormentos da menopausa, quando chega a hora.

Eu mesma, até outro dia, fazia caminhadas e musculação e mantinha uma dieta bastante saudável. Foi quando tive os piores "sintomas" de menopausa. E nem percebi que a menopausa estava dando as caras - afinal, eu praticava exercícios físicos e mantinha uma dieta bastante saudável. Só que comecei a ter cãimbras, que impediam os exercícios físicos. E comecei a ter suores noturnos, cabelos ressecados, pele ressecada, entre outras coisas desagradáveis. Parei com os exercícios físicos (por falta de ânimo e por conta das dores musculares, câimbras e etc), comecei a comer tudo o que via pela frente (sinto uma fome descomunal, o tempo todo) e não tive mais suores noturnos nem cabelos e pele ressecados.

Qual será, então, o mistério?

Não estou, de maneira alguma, recomendando a dieta ruim e a falta de exercícios físicos. Só estou dizendo que isso não basta. Não se culpem se fizerem tudo certinho e, mesmo assim, a menopausa as atacar com toda força.

Não é culpa sua, não é culpa minha. Não se sintam culpadas. Não se cobrem o tempo todo. Por mais que tudo e todos digam que a culpa é da sua (falta de) dieta e da falta de exercícios, não acreditem. A culpa é da maldita menopausa. Culpa dos hormônios, esses nossos amigos/inimigos.

07/11/2014

Trinta e quatro sinais da menopausa?

Uma busca na web leva, entre outras coisas, a esse link:

Trinta e quatro sinais da menopausa

e o título por si só já é assustador, mas saibam que já descobri outros que essa lista não menciona.

Claustrofobia, por exemplo. Nunca imaginei! Há alguns anos, quando comecei a ter medo de elevador (já morei no 13º andar e não tinha medo nenhum, já subi até no World Trade Center de Nova York, quando ainda existia, subi na Torre Eiffel), pensei que fosse alguma síndrome do pânico, algum problema psicológico, mental ou sei lá o quê. Agora descobri que é apenas menopausa. Fiquei feliz, porque agora sei que não estou condenada a evitar para sempre, por exemplo, visitar amigos que moram em andares altos. Ou fazer turismo em locais montanhosos, ou em cidades com arranha-céus. Tenho evitado todas essas coisas. Subo escadas, deixo de ir a muitos locais se o uso de elevador for obrigatório (eu sei que é ridículo, mas é menopausa, não tenho culpa de ser mulher e ter 49 anos), tenho deixado de fazer tantas coisas por causa disso, tenho me limitado.

Mas um dia passará! Mesmo que demore, sei que um dia voltarei a ser aquela pessoa que não tinha medo de quase nada.

O lado bom da menopausa

Dizem que há. Será?

Para as que detestavam menstruar, há essa vantagem. E a economia em absorventes (estão caríssimos!). Por enquanto, ainda não desfrutei dessa "vantagem". Tenho tido fluxos pesadíssimos e gasto uma fortuna em absorventes. Esta vantagem ainda não me pegou. E eu gosto muito de menstruar. Sempre me fez sentir mulher e sempre gostei de perceber as variações nos meus ciclos. Dava uma sensação de estar viva, de ser saudável. Mas tudo bem, já estou me preparando para viver sem isso, já que é inevitável.

Dizem também que "nessa fase a mulher finalmente se liberta das amarras da sociedade", mas tenho a impressão de que não funciona para todas. E há as que já eram livres antes.

Percebo, sim, que agora falo mais o que penso. Nunca fui uma pessoa "que fala as coisas na bucha, ali na cara". Sempre fui bastante contida, mas agora falo, às vezes, até o que não devo. Muitas vezes, com uma agressividade que não combina comigo. Mas parece ser, sim, uma vantagem. Engulo menos sapos (que bom, né, porque a digestão é outra coisa afetada pela menopausa, mas falamos sobre isso depois). Sempre tive horror à hipocrisia, mas hoje em dia se tornou uma aversão que chega a criar problemas de convivência. Tenho vontade de "desmascarar" a tudo e a todos, como a pessoa vai viver em sociedade assim? Fica muito difícil nessa sociedade hipócrita. Mas descobri, pesquisando por aí, que é um "sinal de menopausa". Que engraçado, né? Talvez esse seja um lado realmente bom da coisa.

Dizem também que é "uma fase para avaliar o que realmente vale a pena". Mas eu fiz isso a vida inteira! Claro que, ao amadurecer, deixamos de dar valor a certas coisas e damos ênfase a outras. Os homens, ao envelhecerem, também fazem isso, então não é exatamente uma "vantagem da menopausa".

Não quero parecer pessimista (o pessimismo é outro sinal de menopausa, não posso evitar), mas sempre tenho a impressão de que estão tentando nos consolar, sabe. Estão tentando "tirar leite de pedra", forçando a barra para não nos deprimirem ainda mais, estão fingindo que "menopausa é legal", quando não é. E não é legal simplesmente porque você não se sente bem. Não é legal, mas não pelos motivos "clichês", por exemplo: porque a sociedade a vê como um zero à esquerda, porque os homens não se interessam mais por você ou porque você não pode mais procriar. Você nem queria mais filhos, mesmo! O problema real é não se sentir bem. Ao menos, para mim.

Que outro lado bom haverá? Descobriremos nos próximos capítulos?

Quando acabará este tormento?

Essa é a pergunta que mais me faço. Alguns sites mencionam que "a menopausa começa a partir dos 40 anos e pode durar, em média, até os 55 anos". Fora a margem de erro. Isso dá uns 20 anos da vida da pessoa tomada por essa loucura. É muito tempo! Alguns dizem que "se começa mais tarde, acaba mais tarde". Mas nunca se sabe exatamente quando começou (o período todo, o tal do "climatério" mais a menopausa propriamente dita, que só é "decretada" após um ano sem menstruar) porque pode ser assintomática. Você nem percebeu e já estava nesse barco, amiga. Pois é. E o pior de tudo: não sabe quando vai acabar.

Se ao menos houvesse um meio de acabar com isso... pelo que vejo por aí, existem apenas paliativos. Remédios, chás e etc para aliviar os sintomas. Nada que faça realmente o tormento acabar para você voltar a ser a pessoa que era antes (em uma versão melhorada, ainda que mais envelhecida).

Estou com 49 anos. Resta ter paciência, tentar não enlouquecer e ver o lado bom da coisa. Deve haver algum.

O começo

Um belo dia, nada belo, você se sente estranha - ou mais estranha do que o normal. Meses depois, começa a se sentir diferente, meio "desconectada" do mundo, como se você não fosse você. Discute por bobagens até com desconhecidos, vira uma rabugenta. Não consegue se concentrar, não consegue assistir um filme até o fim, não consegue ler um livro, não consegue aprender mais nada. Chora por qualquer coisa. Pensa que está ficando louca, chega a cogitar que já seja o tão temido alemão chamado Alzheimer batendo à sua porta. Teme estar com alguma doença horrível, incurável, começa a ter sintomas de todas as doenças do mundo, todas as mesmo tempo, mas você não sabe qual tem - então conclui que só pode ter TODAS AS DOENÇAS JUNTAS, AIMEUDEUS!

E as fichas começam a cair. A menstruação atrasa (ou adianta), o fluxo fica mais forte (ou mais fraco), as cólicas aparecem (ou reaparecem). Adolescência de novo? Não, né, então só pode ser... só pode ser... AHHHHHHH só pode ser aquela coisa horrorosa que começa com M e é conhecida como um sinônimo de fim da vida para as mulheres!

Uma pesquisa na Internet não esclarece muita coisa. Os textos são todos muito vagos, todos genéricos. Repetem clichês, falam muito sobre as famosas ondas de calor, mas ignoram todos os outros efeitos. Quase todos os sites sobre o assunto querem vender algum remédio, algum suplemento, algum tratamento, algum livro, alguma cura milagrosa.

Mas menopausa não é doença. Se fosse, minha mãe não estaria viva até hoje. Minhas avós não teriam vivido mais de 30 anos após passarem pela menopausa. Não existiriam mulheres vivas com mais de 60 anos se menopausa fosse doença mortal.

Sobreviverei, então. Sobreviveremos, todas. Embora às vezes pareça que vamos sucumbir.

Decidi fazer este blog porque percebi que a única coisa que realmente me faz sentir melhor é ler depoimentos de mulheres que estão passando pela mesma fase. Isso me acalma, me faz sentir que não estou só, que não estamos sós. Então pretendo compartilhar os meus tormentos, os tormentos de outras, discutir sobre o assunto, tentar rir dele e procurar respostas.

Somos muitas nesse mesmo barco (aparentemente, bastante furado), mas sobreviveremos. Tenho certeza absoluta de que não merecíamos isso, mas faz parte da vida. É apenas mais um ciclo a ser completado. Mulheres são fortes. E se "o que não nos mata, nos fortalece", sairemos dessa ainda mais fortes.